sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Final Days

Nestes últimos dias tenho estado doente. Alguma febre, e predominantemente dores de cabeça. Fico feliz de ficar doente a dias de ir para casa. Menos mau. Penso que a causa do mau estar foi a comida de rua que comi. Mas faz tudo parte da índia.
Amanhã, sábado, vou trabalhar. O meu estágio supostamente acabava 4ª mas simplesmente não consigo dizer adeus aos pequenos. E amanhã já que têm aulas irei aparecer por lá e despedir-me deles.
Ontem e hoje aproveitei para finalmente ir às compras. Ainda não tinha comprado nada para mim. Foi difícil gerir o dinheiro, realmente foi uma sobrevivência aqui em Deli, mas a dias de ir embora posso então pensar em comprar algo para oferecer à minha família. Gostava de comprar imensa coisa e oferecer a todos os meus amigos que me ajudaram nesta viagem mas monetariamente é difícil e espaço na mala também é escasso. Mas há sempre espaço para uma lembrançazinha.
Há tanto para contar, tanto por dizer desta viagem. Tantas perguntas que ficam no ar. Tanta é a vontade de regressar à Índia no futuro.
Vou ter saudades da poluição, do barulho, dos carros a apitar, dos mercados, de regatear, das roupas das mulheres, da comida, do picante que me mete a respirar pela boca, dos nervos, das alegrias, dos momentos incertos, dos pés inevitavelmente sujos, da roupa não mais branca, da carruagem de metro especial para as mulheres, das suas enormes unhas dos pés, das suas pintas na testa e furo no nariz, das suas tranças longas e pretas, da miséria, das crianças que me puxam o braço pedindo dinheiro e que me fazem sentir grata pela vida que tenho, do difícil e doloroso que é recusar lhes dar dinheiro, da tentativa de perceber o que é certo e errado, das bolachas tigger krunch que só custam 10 rupias, dos olhares de curiosidade, das vezes que pedem para tirar uma fotografia comigo, de assistir a conversas em hindi e começar a sorrir só porque se estão a rir (como se eu entendesse o que tivessem a dizer), das ventoinhas no tecto, da música, das danças, das cores, das pessoas… Vou ter saudades acima de tudo das pessoas que aqui conheci.
Não sei se volto melhor ou pior. Não sei o que aprendi. Apenas sei que na tentativa de rotular algo, na tentativa de compreender muita coisa, nunca compreendi verdadeiramente nada. Apenas entendi quando me deixei levar pela cultura sem perguntar porquê. Pois muitas das vezes não há um porquê. Estando dentro dela podes percebe-la mas nunca verbaliza-la.
Por isso por mais que escreva, nunca irei conseguir contar tudo.

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