sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

WOOOW


"Dear AIESEC in ISCTE,
The Care Bears want to congratulate:


Mónica Gato for OCP Yah! II
Mónica Gato for Faci RIMT II

André Lopes for Faci RIMT II
Ana Sofia Dias for Faci RIMT II
Gonçalo Moura for Faci RIMT II
Mariana Carvalhal for Faci RIMT II
Raquel Correia for Re-Plan Weekend
Tomás Rugeroni for Re-Plan Weekend
César Costa for Re-Plan Weekend
Mariana Jacinto for Re-Plan Weekend

Thank you for your really good Applications. The average quality of these applications are aligned with our vision "We Are Leaders of Excellence"
The EB will give you more info and details soon!
We hope that 2011 was a great year for you and that 2012 be even better!
Care Bears
Ricardo, Daniele, Ana, Nuno, Yuri, Ricardo, Isa"


Happiness does not come from doing easy work
but from the afterglow of satisfaction
that comes after the achievement of a difficult task
that demanded our best.
-Theodore Isaac Rubin

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

New Challenges

Abriram novas candidaturas na AIESEC ISCTE. 
Refleti e decidi candidatar-me a FACI da RIMT II e OCP do projecto YAh onde estou trabalhando actualmente como membro.
FACI: Facilitadores. Quem apresenta as sessões nos eventos. - Neste caso a RIMT ( o recrutamento de novos membros; 3 dias onde quem se inscreveu na AIESEC irá ter conhecimento sobre o que é a mesma e o que pode oferecer. Com muitas palestras, jogos e festas à mistura).
OCP YAh - Organising Committee President do projecto Youth Ahead (part 2).
Para me candidatar tive de responder a várias questões e fazer um video, isto tudo em inglês. Custou mas já passou! Agora é esperar que seja aceite :)

Hoje tive a ver as estatísticas do blog e o mesmo já ultrapassou as 9000 visitas e é visto nos seguintes países:  Portugal, Estados Unidos, Índia, Reino Unido, Alemanha, França, Brasil, Japão, Egipto e Suiça! É bom saber que consigo chegar a mais pessoas e quem sabe inspira-las! Por isso pedia a estas pessoas que são de fora, ou até mesmo aos portugueses, que hoje deixassem um comentário dizendo qual é o vosso maior sonho. Basta porem o sonho e o vosso país. :)

Obrigada!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Renascer

Os dias têm sido bastante atarefados. Amanhã tenho dois testes seguidos por isso como vêem não tem sido fácil ter tempo para actualizar o blog.
Hoje enquanto estava na minha hora de voluntariado na Unidade de Relações Externas da minha faculdade fui-me informar com a coordenadora que trata também da mobilização do programa Erasmus.
Como sabem, quero ir para o Reino Unido fazer o meu 3º ano de curso. Mas acontece que no meu curso temos estágio no fim ou durante o 2º semestre, por isso não sabia se deveria ficar lá então os 2 semestres. Ela aconselhou-me a estagiar logo  lá e a integrar os dois programas da União Europeia. Um para estudar e outro para estagiar. Receberei assim duas bolsas diferentes. 
Parece-me bem. O único desafio será encontrar um local para estagiar perto do sitio onde estiver a estudar para não ter de mudar de local novamente. Ou seja, Nottingham! 
Estou a ficar bastante empolgada com a ideia! Em Fevereiro começam as inscrições. Está quase!!
Já estive à procura e existe uma AIESEC Nottingham! Irei tentar entrar como membro nesse comité enquanto lá estiver, para continuar a ter a oportunidade de me desenvolver e fazer algo de útil.
Fui também hoje informada que no meu comité irão abrir novos cargos como Team Leader. Irei sem dúvida tomar isso em conta, visto que o meu projecto, YAh acaba em Fevereiro. AH, hoje recebemos o 1º estagiário!!!! :D
"Porque a vida, se for triste, nem sequer merece o nome de vida. É preciso fugir da tristeza, e do tédio que é parente dela, por este género de divertimentos" - Erasmo, Elogio da Loucura.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paratha

Amanhã vou ter um jantar de turma no restaurante indiano onde foi a minha despedida para a Índia. Fui lá à pouco para os avisar que iríamos lá amanhã. Mal entrei esboçaram um sorriso por me reconhecerem. Passei alguns dias à conversa com eles antes e depois de vir da Índia. Depois de dar a confirmação ele oferece-me um café mas como não bebo, pedi antes uma vegetable paratha para levar para casa pois já tinha imensas saudades de comer isso. Quando ia a pagar ele disse que era oferta, e eu agradeci: "dhanyavad".
Fiquei super contente. Não só por poder comer a paratha de novo, mas por terem oferecido. Tocou-me bastante!
Vou numa correria para casa, chego, sento-me, abro o papel de alumínio e ali estava...a parantha!!!!! Comecei a rir da minha felicidade estúpida e as lágrimas caiam-me dos olhos. E quanto mais chorava mais vontade tinha de rir, e mais me lembrava do porquê de toda aquela felicidade. Não tardei a sentir o picante na minha boca, e a gordura nas pontas dos dedos. Senti-me em casa. 
Estou estupidamente feliz com este pedaço de comida. Que saudades da Índia. Dos meus pequenos. É bom poder sentir próximo o que tanto me faz falta!

 Nunca me vou esquecer deste dia.
Dhanyavad!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Reflectir

Após reflectir sobre as negas que levei de possíveis patrocinadores, chego à conclusão que não vale a pena ficar afectada. Não posso obrigar ninguém a gostar da minha obra. Claro que é inevitável começar a pensar que talvez seja cedo demais para publicar e que se o destino não me favoreceu é porque realmente não valerá a pena. Mas ao mesmo tempo sinto que só me acontece isto porque não estou a ser ouvida. Estou a ser rotulada de "mais uma". E eu não quero acreditar que a minha história, o meu blog, é mais um. Porque não é. Não é mesmo.

Começo a sentir na pele que fazer o bem, ter ideias, inovar...não compensa. Ninguém quer saber. Gostava de saber quantas mais histórias são abafadas por pessoas sem história mas com poder para as fazer ouvir.
Porquê que os bons saem sempre prejudicados? Não sei.

Uma amiga da faculdade, Sandra Ildefonso, ofereceu-se para me ajudar. Ela tem um familiar que talvez, talvez, possa contribuir para a publicação do livro. Se não poder, já pouco me importa. Ver alguém a dirigir-se a mim, e dizer que só descansa quando tiver o meu livro na sua cabeceira e oferecer ajuda é o melhor "patrocínio" que eu alguma vez tive. No fundo, é isto que me faz feliz.

Outra coisa que me faz feliz e muito, é saber que o Saatvik em Fevereiro vem visitar-me! Ele ajudou-me bastante na Índia. Será a primeira vez que ele irá sair da Índia e será para me visitar aqui em Portugal. Estou bastante contente! Assim poderei matar saudades da minha Índia e pedir-lhe que leve algum material escolar para as crianças da Koshish Special School!!!

Estou feliz. Muito feliz. Porque na verdade só quero fazer o melhor para os outros, e doar o dinheiro do livro para os pequenos era uma delas. Mas o Saatvik vem cá e assim posso atenuar a dor de cada vez que me lembro que os pequenos não tinham lápis para fazer os trabalhos de casa...quando tenho aqui tantos perdidos e banalizados por casa... A mala dele voltará com muitos lápis, de certeza.

"You will find somebody more deserving who will be lucky to found your book" - Saatvik Sai.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sad & True

A luta pela obtenção de patrocínios decorre. Apostei no que mais fazia sentido. Apostei em algo que poderia lucrar com a minha proposta. Que não só dava como recebia. Em algo que gostava do fundo do coração ter na minha capa do livro como patrocínio. Porque tenho orgulho e acredito nessas organizações / instituições. Mas pelos vistos não é reciproco. E eu sei que são problemas financeiros e em parte compreendo. Mas também sei que com um pai invisual e uma mãe telefonista consegui ir à Índia ajudar os outros. Por isso não entendo porquê que estes órgãos não podem dar nem que seja um quarto do valor total de patrocínio se é praticamente garantido o retorno com a venda das obras.
Claro que gostava de ser Super Mulher e conseguir o feito que fiz ao ir à Índia. Mas estou poupando para ir de Erasmus para o ano e hey sou estudante, tenho 19 anos, não posso fazer mais do que um part-time! Aliás, parte do meu tempo é a fazer voluntariado na organização que me rejeitou!
Eu não quero publicar para me encher o ego, quero publicar para mostrar aos outros que é possível chegar-se longe não se nascendo num berço de ouro. Chegar a mais gente e mostrar-lhes o quanto é bom dar. O quanto aprendemos com isso e recebemos!
Amanhã é outro dia.
Tentarei com a Junta de Freguesia e Câmara Municipal.
Se não aceitarem, esgotam-se as opções.
Não faz sentido pedir a mais ninguém. Porque não peço por pedir. E na minha cabeça já não há ninguém que faça sentido fazer parte deste projecto.
"...how important it is in life not necessarily to be strong... but to feel strong"

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Publicar


A reunião com a Editora correu bem. A minha obra tem potencial e daí terem-me chamado lá. Ainda está bastante crua e precisa de ser muito trabalhada daí quererem conhecer um pouco de mim. Acima de tudo saber se estou ou não disposta a lutar e a trabalhar em equipa (Eu e a Editora). Isto porque será um longo processo de edição e é preciso querer.
E eu quero. Quero quase tanto como todo o mundo a querer. Lutei muito para aqui chegar e a oportunidade de poder chegar a mais gente e mostrar-lhes que podem concretizar os seus sonhos, é a minha fonte de energia.
Como é óbvio é preciso investimento. E o que normalmente os autores fazem é arranjar patrocinadores. Já tenho alguns em mente. Ainda não revelo para dar uma certa privacidade de escolha a quem me aceite ou rejeite. Estou por isso dependente disso. Pois como é óbvio não tenho nem nunca tive capacidade financeira para suportar os custos.
Se conseguir patrocínio, é oficial, vou mudar vidas.
O livro será o blog na integra, até eu chegar a Portugal. Irei apenas adicionar mais passagens sobre a minha estadia na Índia. Não tinha internet lá por isso não pude contar nem metade das minhas aventuras e desventuras por lá.
O nome seria "Luta Pelos Teus Sonhos", a tradução do nome do blog, mas quer a Editora quer eu, achamos demasiado meloso. E em Inglês também não convém pois restringe o publico e não só. Por isso aceitamos sugestões!! E patrocínios, claro!

Obrigada!
A capa que fiz apenas porque sim. Não será assim. Nem o nome. Simplesmente olho para isto e faz-me acreditar.


P.S: O meu 1º dia na Decathlon correu bem. São todos bastante simpáticos e profissionais! Vai ser bom trabalhar ali. :)

domingo, 20 de novembro de 2011

Maré Cheia de Trabalho

Os dias vão tornar-se difíceis. Com trabalhos para fazer a TODAS as cadeiras, mais textos para ler, e testes para fazer + AIESEC + Decathlon + URECI (Unidade de Relações Externas e Cooperação Internacional) = ?
Muito para fazer. 
O mês de Dezembro será o ponto alto de cada uma destas actividades. Tenho receio de não aguentar a pressão. Mas tenho que me manter firme pois para alcançar tudo o que quero preciso disto.

Tive uma ideia brutal. Trabalhar na AIESEC enquanto estou no Reino Unido para o próximo ano lectivo. Por isso comecei a procurar se existia alguma AIESEC perto da Universidade que quero, e de facto existe uma em Nottingham, a 4kms da minha Universidade. Como é óbvio a minha cabeça começou logo a congeminar e a sonhar alto. Mas para isso, tenho de passar a fase das candidaturas em Fevereiro, ser aceite na Universidade que quero, e na AIESEC de lá. Mas nada é impossível! 

Mas por agora tenho de parar um bocado de sonhar e agarrar-me bem a este mês de Novembro e Dezembro.
2ª é a reunião com a editora, e parto amanha para Alcochete para ficar a dormir na casa de uma ex colega de basquetebol que por lá vive e mora a 5 minutos dos escritórios da Editora. Assim 2ª é só acordar, e fazer-me ao meeting :) Depois mal saia de lá é vir a correr para Sintra para começar o meu 1º dia de trabalho na Decathlon. WISH ME LUCK!

sábado, 19 de novembro de 2011

Sharing

Quinta feira à noite, enquanto estudava para o meu teste de francês, recebi um telefonema dos FACIS da Discovery I (Conferencia nacional da AIESEC para os novos membros), convidando-me para lá ir na Sexta feira falar um pouco da minha experiência na Índia, promovendo assim os estágios de voluntariado. Sendo a conferencia para os lados de Torres Vedras, apanhei boleia de um rapaz da AIESEC que chegou a trabalhar na AIESEC em França! Foi sem dúvida uma viagem de partilha. Ele tem realmente muitas histórias de viagens para contar e foi de facto um prazer poder conhece-lo.
Durante a conversa sobre a minha experiência na Índia, consegui ver caras que realmente entendiam o que vivi e o que queria transmitir, e isso valeu de muito. Saber que o ano passado estava ali sentada no seu lugar a ouvir as histórias dos outros e agora era eu que contava uma. Foi sem dúvida algo bastante gratificante. E a reacção de alguns membros marcou-me bastante. Um deles pergunta-me se tinha 20 anos, e eu digo que tinha 19, ao que ela responde: 19? E com essa força toda... impressionante. ; E como é claro isto tocou-me! Tive ainda algumas abordagens depois da conferência, com algumas perguntas, e tive o prazer de ser abordada por uma rapariga que era da AIESEC em Londres que me dizia que gostava de fazer o que fiz mas não se achava tão forte e que gostava de ter a minha determinação e força. E para mim como é óbvio tocou-me e claro que lhe disse que ela podia muito bem fazer o que eu fiz. Só temos é que nos atirar. O resto...o resto logo se vê.
Falei-lhes do blog, e da reunião com a editora na 2ª e desejaram-me bastante sorte.
Espero que esta boa energia realmente me acompanhe!

Hoje de manhã fui à Decathlon para assinar o contracto and guess what? O contrato é de 6 meses!! Desta não estava mesmo à espera! Pensei ser apenas um reforço natalício mas realmente é melhor do que eu esperava! E o ambiente parece-me ser bastante descontraído e de um clima de bastante entre ajuda. Muito bom.


E vou acabar o post dizendo o que disse aos novos membros: Se querem muito uma coisa, agarrem-na. Não interessa se nascemos num berço de ouro ou não. Metam os problemas mesquinhos de parte e percebam o que realmente é importante valorizar. Se têm um sonho, força, persigam-no.


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

JOB!

Após a entrevista na Decathlon, fiquei esperando um telefonema. Já se passaram alguns dias e hoje finalmente me ligam.... I GOT A JOB!!!!!!! 
Vou lá amanhã assinar o contrato! Yupi!
Realmente é preciso persistir para se conseguir algo na vida. Não sei até quando ficarei a trabalhar lá. Muito provavelmente até acabar a azafama natalícia mas sempre são mais uns trocos para utilizar para o ano no Reino Unido (ERASMUS)!

sábado, 12 de novembro de 2011

Sorte

Há males que vêm por bem...Digo isto porque ontem quando confrontada com o facto de acabarem com o desconto de 50% no passe sub-23 fiquei tão perplexa e revoltada que decidi continuar a minha tentativa de arranjar um novo trabalho. Pois bem, enviei o meu CV para a Decathlon e no mesmo dia ligaram-me para ir à entrevista.
Fui hoje e disseram que gostaram de mim e que o processo de selecção tem em conta 3 entrevistas mas que me iriam passar para a 3ª. Ficaram apenas de me ligar. Acontece que esta é a 3ª vez que vou a uma entrevista na Decathlon e mostram bastante interesse e até dizem que me vão ligar, mas nunca o fizeram....até...HOJE! Pois é! Ligaram-me e vou à entrevista final! Aqui vou eu a caminho do meu novo emprego (espero). É a 30 minutos da minha casa (a pé). Por isso é ideal. É perto e vou trabalhar numa loja de desporto! E até tenho lá a minha amiga que me emprestou a mala para levar para a Índia! O que mais poderia querer?
2ª feira lá irei eu à entrevista final. WISH ME LUCK!
Se conseguir tenho uma boa margem de tempo para juntar dinheiro para ir para o Reino Unido acabar o meu 3º ano de faculdade! E quem sabe, cumprir com a minha promessa para com o Ahmed, que é passar o verão na sua casa no Cairo, Egipto.

Nunca percas a esperança. O país está mau mas se fizermos por isso, coisas boas nos baterão à porta. Não é razão para deixarmos de sonhar. Não é. Quase que vacilei, mas é quando temos força para contra atacar que as melhores coisas aparecem. Por isso, não deixem morrer os vossos sonhos.

AIESEC ISCTE
E acreditem que há muitos a acreditar que é possível sonhar, criar, concretizar e mudar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Box of Chocolates

Nos últimos dias tenho-me chateado e reconciliado com a minha vida.
Tenho tido dias maus, de muito stress, onde a vontade de ter ficado na cama é imensa. Mas depois lembro-me que não foi a ficar na cama que alcancei o que quis. Por isso, tenho trabalhado. Muito ou pouco, tenho-me esforçado para completar as minhas tarefas na faculdade, AIESEC e na URECI (Unidade de Relações Externas e Cooperação Internacional).
Recebi bom feedback na URECI respeitante à Agenda Cultural de Novembro que elaborei, pelo que me deu algum alento.

Uma boa noticia: Irei reunir com a Editora Alfarroba, no dia 21 de Novembro.
Será a 1ª vez que irei a uma reunião. Mas felizmente tive uma acção de formação na AIESEC esta semana sobre vendas. Aí aprendi coisas importantes sobre a postura a ter numa reunião. Dicas que farão toda a diferença. De facto, não podia ter calhado em melhor altura esta lição !

Os alunos internacionais de que sou mentora felizmente começam a dar noticias. Tenho criado laços de amizade com alguns, o que me deixa extremamente satisfeita. Uma das raparigas é a Liesbeth, da Bélgica. Estamos a fazer um trabalho juntas para Cultura Medieval. Decidimos fazê-lo em inglês e para mim é excelente pois é uma boa preparação visto querer ir para o Reino Unido estudar. É um desafio autentico!
Fiquei a dormir na casa dela no dia da greve da CP. O apartamento tinha pessoas de vários países e senti-me bastante bem pois lembrava-me dos momentos que passei com todos os estagiários na Índia. 
Cada um do seu canto do mundo, vivendo a um canto de um canto do Mundo qualquer.
Como é óbvio tive a oportunidade de provar chocolate Belga! Mas mais do que isso, a oportunidade de me rir muito a tirar esta fotografia.
"Life was like a box of chocolates. You never know what you're gonna get."

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sunshine

Há dias em que de facto vamos um pouco mais a baixo. É normal. 
Tenho reparado que todos nós temos os nossos problemas. Parece óbvio, mas às vezes existem pessoas que jamais diríamos que  estavam a ultrapassar uma fase difícil ou que têm razão para ter algum problema na vida. Mas todos, uns mais do que outros, os têm. E talvez seja por esta estranha forma de conforto, por saber que não estou sozinha, que não me importo de ir tendo os meus. 
Não tenho um ambiente familiar fácil.  Nunca tive. E nunca o escondi mas também nunca falei muito sobre isso. Hoje faz sentido falar, porque hoje percebi que não sou coitada nenhuma, aliás pelo contrário.
Noto que o mundo cai à minha volta e eu tremo, mas nunca caio. E o truque é continuar focada no que realmente importa. 
Conclusão:
- Tenho mais uma editora interessada em publicar o meu blogue em livro;
- Já tenho o contrato de outra editora para assinar (não vou aceitar ainda por não ter o dinheiro suficiente);
- Já estou em contacto com estações televisivas (RTP, SIC e TVI) para ter tempo de antena para falar da minha experiencia na Índia e desejo de publicar o meu blogue em livro. Pois soube que uma editora, cujo nome não direi porque seria demasiado mau para a mesma, apenas quer publicar coisas de famosos. Ora, se é fama que eles querem. É fama que eu lhes vou dar.

Tenho mandado e mails para algumas embaixadas para saber se existe algum pacto com aquele pais para estudantes portugueses - (Mestrado). Tenho tido respostas interessantes. É bom saber que ainda há gente aberta a falar, partilhar e esclarecer sem qualquer grau de superioridade na conversa.

Enviei esta semana e mails para alguns professores meus quer do secundário e universitário, para lhes contar as novidades e é de facto gratificante ler elogios vindos de gente que admiro bastante.

As coisas têm andado. Esteja o mundo a ruir ou não, tenho feito de tudo para não parar.
E sonho, sonho, sonho...
E caminho, procuro, invento...
Sorrio, choro, planeio...
Vivo, penso e não desisto.
Não desisto.
A smile is a curve that sets everything straight. 
Phyllis Diller

domingo, 23 de outubro de 2011

Pouco de tudo

Ontem fez 2 meses desde a minha chegada a Portugal.
Saudade. A única palavra que poderei usar para descrever este dia.

Nestas semanas tenho desfrutado da vida académica. Tive o privilégio de ser madrinha de dois brilhantes caloiros de Artes do Espectáculo. Cada um com o seu feitio e personalidade, mas sem duvida dos melhores caloiros do nosso arsenal.
Foi bom sentir a tradição, que sendo julgada ou não, na minha opinião vale a pena. Aqui não se trata de fazer figuras, porque há tanta gente que as faz tão piores e ninguém as julga. Trata-se de criar laços. Comparo um pouco com as minhas aulas de teatro onde fazíamos jogos para nos sentirmos mais à vontade uns com uns outros. Fazia andares e vozes estranhas, dizia coisas sem sentido...e no fim estava à vontade no meio de todos.   Podíamos começar finalmente a ensaiar. E a praxe, na minha subcomissão, é assim. Não se trata de denegrir ou de ter o vislumbre de poder, mas sim de "brincar". De os fazer sentirem-se quase como irmãos e com um orgulho em tudo aquilo que representamos. E a prova disso é as excelentes amizades que tenho feito este ano. Grande parte delas com caloiros. Por isso não me importo de dar a cara pela praxe. Pela minha praxe.

O projecto da AIESEC está on the way. Já arranjei quem desse um workshop de pedagogia aos estagiários. A minha professora de psicologia do secundário aceitou o convite! Agora só me falta que o meu professor de TIC II do ano passado aceite o convite de dar uma palestra sobre técnicas de apresentação! 
Ah e arranjar alguém que saiba algo sobre marketing de guerrilha!

Apesar de ter tanto que fazer, sinto que preciso de fazer mais alguma coisa. Não sei o quê...
Talvez procurar trabalho já que ainda não arranjei nenhum!

Lembro-me da única vez que tive um ataque de sonambulismo. Tinha talvez uns 8 anos. Fui direita à janela, para a abrir e possivelmente saltar. Até que a minha irmã chega e me pergunta o que estava a fazer, ao que eu respondo: "Vou salvar as pessoas".

Acho que é isto que eu preciso fazer. "Salvar pessoas". Do something relevant. Estou lutando pela minha formação para poder ser influente no futuro mas de facto preciso de sentir-me ainda mais útil.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Luz

Boas coisas têm acontecido nestes dias. 
Tenho tentado entrar em contacto com editoras para publicar o meu blogue em livro. 
Este blogue mudou a minha vida e a daqueles que o seguiam e quero poder chegar a mais gente. 
Em 3 emails obtive uma resposta positiva. Felizmente não fico por aqui, pois a vida cruza-nos sempre com as pessoas certas na altura certa e actualmente tenho mais 15 editoras a quem propor a minha obra e uma fonte numa editora que me poderá esclarecer, e quem sabe ajudar. 
Vamos ver como as coisas correm. 

Não me renovaram o contrato na Pans pois a crise chega a todo o lado e por isso foi a minha vez de ficar sem trabalho. Tenho de arranjar outro pois não posso perder nem mais um mês de vencimento. Todos os cêntimos contam para a minha missão de juntar dinheiro para ir estudar para Inglaterra no próximo ano. 

Continuo cheia de trabalho. Reuni com o meu Team Leader da AIESEC e fiquei de me informar sobre um curso intensivo de português, workshops de pedagogia e técnicas de apresentação para os 6 egípcios que virão da Universidade do Cairo (a mesma do meu amigo Ahmed) e que vão trabalhar em escolas. 
Vai ser um desafio interessante. Sou novata nisto mas não há que temer. 

Com tanta coisa para fazer, criei um Dossier com as pastas “FLUL” (faculdade), “AIESEC” e “URECI” (Unidade de Relações Externas da Faculdade), com as respectivas tarefas e documentos. Bem como um Gmail. Realmente ajuda bastante. Tenho o péssimo defeito de ser esquecida e com tanta coisa para fazer, não quero deixar nada para trás. O meu quarto virou definitivamente um escritório. 

Ainda assim, não me esqueci que só tenho 19 anos. Felizmente ainda tenho algum tempo livre para desfrutar da minha jovialidade. Mal de mim se não tivesse. 
Considero-me feliz. Ocupada, mas realizada. Estou fazendo coisas que merecem o meu tempo e dedicação. Todo o resto…é resto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Correria

O stress tem sido muito ultimamente. Ser estudante de 2º ano, membro da AIESEC, Voluntária na Unidade de Relações Externas da Faculdade, trabalhadora na Pans&Company aos fins de semana e ainda ter tempo para ir às praxes, é muito para uma pessoa só. Mas de facto tenho conseguido gerir tudo. Estou de rastos. Passo as noites a planear o meu horário semanal, a escrevinhar folhas A4 com coisas para não me esquecer de fazer...tem sido uma loucura.

Tenho actualmente 23 estudantes internacionais a meu cargo. 10 brasileiros, 7 ingleses, 2 turcos, 1 francês, belga e italiano. Serei a mentor dos mesmos. Cabe-me ajuda-los com qualquer duvida relacionada com a faculdade e até alojamento. Vai dar-me algum trabalho, mas é algo que me fascina imenso. Principalmente porque no 2º semestre irão chegar 2 raparigas da universidade que quero ir de Erasmus, Nothingham. 
Faço também uma Agenda Cultural para os estudantes internacionais de 15 em 15 dias.

Esta semana vou ter uma reunião com o meu team leader da AIESEC. Já me enviou o projecto "YAh (Youth Ahead)" e parece-me bastante interessante. Basicamente iremos receber estagiários internacionais para trabalhar em escolas de crianças carenciadas na temática ambiental, de modo a desenvolver o seu estado alerta para com o ambiente que os rodeia. Haverá também várias parcerias, uma delas será com empresas ambientais que irão lançar um desafio quinzenalmente. Isto exigirá telefonemas a empresas, reuniões, e todo um trabalho que irá consumir-me tempo mas que me irá enriquecer.

Ontem à noite recebi uma chamada do Egipto. Era o Ahmed! O meu grande amigo que conheci na Índia. Ficamos um bom tempo a contar as novidades. Perguntou-me de novo se sempre ia passar o verão à sua casa no Cairo. Vontade não me falta mas preciso de poupar para ir em Erasmus. Já tinha saudades de me rir com ele. É de facto gratificante receber chamadas destas. A distância e diferenças culturais não são nada. Continuamos grandes amigos. Uma portuguesa melhor amiga de um Egípcio. É de facto engraçado!


Estou feliz. Os passos que queria dar, já os dei. Agora é continuar a subir a escada em direcção ao meu objectivo. Nottingham Trent University.
Aposto na formação e no enriquecimento pessoal, de modo a ter a melhor candidatura, mas acima de tudo, conseguir crescer e aprender o suficiente para estar a altura de estudar lá fora.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Projectos e Objectivos

As aulas começaram esta semana. Felizmente acabei o relatório de estágio antes das mesmas começarem.
Começo a notar algumas diferenças após a minha vinda da Índia. Encaro cada aula não como uma mera disciplina, onde o único objectivo é passar, mas sim como uma oportunidade que poucos têm para se cultivarem. Talvez seja por isso que a minha atenção e entusiasmo esteja diferente. Não sei até que ponto. Mas há algo diferente na maneira como encaro cada aula. Quero de facto ter boas notas, não suficientes.

Ontem tive no site da faculdade onde quero ir tirar mestrado (Paris), procurando bolsas. Pelo que vejo será muito difícil e a única coisa que poderá ajudar será o meu aproveitamento escolar. Não sou brilhante, mas estou agora no 2º ano e nunca é tarde para subir a fasquia. Já me inscrevi no francês na minha faculdade e a minha família de França enviou-me alguns livros para me ajudar a estudar. Tenho de conseguir aprender francês outra vez. É um dos primeiros passos.

Outro dos meus objectivos futuros será ir de Erasmus em Nothingham, UK. E é nisso que tenho que me focar e concentrar agora. Pois é já para o ano se tudo correr bem. Preciso de dinheiro, por isso continuei a trabalhar. Depois preciso de ter uma boa candidatura. Tenho a experiência na Índia e contribuído como voluntária na Unidade de Relações Externas da Faculdade, penso que tenho boas hipóteses de conseguir a bolsa para ir.

Comecei a receber os estudantes Erasmus da minha faculdade. Há dias fui almoçar com um francês, à tarde ajudei um turco e ao fim da tarde tomei café com uma rapariga da Bélgica. Tem sido bom poder continuar a praticar o meu inglês e ajuda-los. De algum modo faz-me sentir ainda na Índia com os meus amigos estagiários. Estar com eles traz-me o mundo ao meu país. Os outros 7 voluntários da Unidade de Relações Externas da minha Faculdade, onde estou como voluntária, são todas boas pessoas. Criou-se um grupo de trabalho engraçado. Ficarei encarregue de elaborar a agenda cultural para os estudantes internacionais.

Para a semana começo a praxar! Vai ser outra grande experiencia!

Sinto-me realmente viva. 
Vamos ver como irão correr todos estes projectos. 
Espero que bem.

Tenho uma boa vida. Tenho realmente uma boa vida. ♥ É bom ter que fazer. Ter a cabeça ocupada. Com sonhos, projectos, amores, amizades...Sinto que a vida passou a ser uma aventura, cada dia é um desafio. Começo agora a perceber a piada "disto". Gosto disto.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Voluntária da FLUL

"Lamento imenso a hora tardia a que vos envio esta mensagem, mas ela é portadora de boas notícias: vocês são os primeiros voluntários colocados nas 8 vagas do projecto Movement 4 International Students (M4IS)."

Pois bem, recebi o tão esperado mail a confirmar a aceitação da minha candidatura como voluntária da minha faculdade. De 50 candidaturas apenas escolheram 8!! 
Irei trabalhar com os alunos de ERASMUS que virão para a minha Faculdade!! :D
Amanhã começo a formação.
YEAAHHHH !
Isto é um passo muito importante. Não só ganharei experiência e irei conhecer gente de todas as partes da Europa como será um bónus a adicionar à minha candidatura a ERASMUS para o ano que vem, pois dão preferência a pessoas voluntárias da faculdade.
Vivaaaaa!!!!!!!
"What is the meaning of life? To be happy and useful."

sábado, 10 de setembro de 2011

Um Novo Começo

Após 3 semanas da minha chegada a Portugal, posso escrever com todo o orgulho que a história não fica por aqui. Os sonhos continuam e por isso volto a escrever.
Pois bem, um dos meus objectivos era trabalhar com a AIESEC e esta semana tive uma reunião com a Ana Cabral da AIESEC e ficarei a trabalhar em Projects no projecto do Nuno Moreno. Será um projecto ambiental que envolverá crianças, empresas ambientais e estagiários. Começará em Dezembro e acabará em Fevereiro. Com o tempo darei mais informações sobre o mesmo. O que importa agora é que finalmente consegui. Não ganharei nenhum dinheiro estando lá, mas ganharei o mais importante: conhecimento. 

Fui esta semana a uma entrevista à Unidade de Relações Externas da minha faculdade. Isto porque quando estava na Índia enviei um mail a candidatar-me ao voluntariado da minha universidade. Se tudo correr bem, irei trabalhar pelo menos 4 horas semanais, no horário de atendimento a alunos ERASMUS. É um facto que também fui uma estrangeira e gostaria agora de poder ajudar os estrangeiros que vêm para o meu país e faculdade, pois sei bem as dificuldades que surgem quando somos inseridos num mundo completamente diferente do que estamos habituados. 2a feira saberei se fui seleccionada ou não.

Continuo a trabalhar na Pans. É um facto que quero juntar dinheiro para ir em Erasmus no meu 3º ano. Nottingham, UK. Sem dúvida é o que me motiva a trabalhar. Nunca gostei de ganhar dinheiro por ganhar. Sempre trabalhei para objectivos concretos. E basicamente invisto na educação. Há quem invista em roupa, mas a roupa não trás mais do que um armário cheio, educação trás um futuro em aberto. E eu gosto disso. De sonhar. Porque estando tudo em aberto, tudo pode acontecer.
Ser voluntária da faculdade é tido em conta no processo de selecção do programa ERASMUS,  por isso acho que estou no bom caminho. 

Tenho ido treinar com a equipa sénior, e é bom voltar ao trabalho. A verdade é que aos poucos sinto que já não faz sentido continuar no mundo do basquetebol. Ensinou-me muita coisa, fez de mim quem sou hoje e agora está na altura de voar. Educou-me e agora sinto que me diz para seguir o meu caminho pois está na altura de por tudo o que me ensinou em prática. Dedicação, companheirismo, lágrimas, suor, trabalho, esforço...Se usei tudo isto para tornar o meu jogo melhor, agora usarei tudo isto para tornar o Mundo melhor.

E com tantos novos projectos, precisarei de tempo. Pois apesar de tudo não deixei de ter apenas 19 anos, e preciso de ter tempo para a família e amigos, e para os estudos. Porque por mais projectos, por mais aspirações que tenha, a formação académica é essencial e sem os treinos terei então o meu tempo para estudar. E assim sim, o futuro ficará em aberto. Tal como eu gosto.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fim

Não é o fim do blogue. Pois muitos sonhos se seguem. É o fim desta maravilhosa luta pelo sonho de ir à Índia deixar a minha marca. Batalhei, chorei, desacreditei mas no fim a sorte apareceu, e tudo aconteceu. Faz hoje uma semana que estou em Portugal, e posso dizer que o meu quarto encontra-se praticamente vazio. A demasia que encontrei aqui não me preenche, e por isso irei doar a uma instituição os meus bonecos, livros, CD's, roupas... Se mudei, talvez. Pelo menos o meu quarto mudou. Talvez ele seja um espelho de quem eu sou agora. Livre de futilidades, só com o essencial cá dentro. Porque na verdade não precisamos de muito para sobreviver, viver e ser felizes.
Aqui vai o video que fiz sobre a minha viagem, para nunca me esquecer do que foram estes quase 4 meses de luta e glória. http://youtu.be/7hxZ2mpnSfQ

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Final Days

Nestes últimos dias tenho estado doente. Alguma febre, e predominantemente dores de cabeça. Fico feliz de ficar doente a dias de ir para casa. Menos mau. Penso que a causa do mau estar foi a comida de rua que comi. Mas faz tudo parte da índia.
Amanhã, sábado, vou trabalhar. O meu estágio supostamente acabava 4ª mas simplesmente não consigo dizer adeus aos pequenos. E amanhã já que têm aulas irei aparecer por lá e despedir-me deles.
Ontem e hoje aproveitei para finalmente ir às compras. Ainda não tinha comprado nada para mim. Foi difícil gerir o dinheiro, realmente foi uma sobrevivência aqui em Deli, mas a dias de ir embora posso então pensar em comprar algo para oferecer à minha família. Gostava de comprar imensa coisa e oferecer a todos os meus amigos que me ajudaram nesta viagem mas monetariamente é difícil e espaço na mala também é escasso. Mas há sempre espaço para uma lembrançazinha.
Há tanto para contar, tanto por dizer desta viagem. Tantas perguntas que ficam no ar. Tanta é a vontade de regressar à Índia no futuro.
Vou ter saudades da poluição, do barulho, dos carros a apitar, dos mercados, de regatear, das roupas das mulheres, da comida, do picante que me mete a respirar pela boca, dos nervos, das alegrias, dos momentos incertos, dos pés inevitavelmente sujos, da roupa não mais branca, da carruagem de metro especial para as mulheres, das suas enormes unhas dos pés, das suas pintas na testa e furo no nariz, das suas tranças longas e pretas, da miséria, das crianças que me puxam o braço pedindo dinheiro e que me fazem sentir grata pela vida que tenho, do difícil e doloroso que é recusar lhes dar dinheiro, da tentativa de perceber o que é certo e errado, das bolachas tigger krunch que só custam 10 rupias, dos olhares de curiosidade, das vezes que pedem para tirar uma fotografia comigo, de assistir a conversas em hindi e começar a sorrir só porque se estão a rir (como se eu entendesse o que tivessem a dizer), das ventoinhas no tecto, da música, das danças, das cores, das pessoas… Vou ter saudades acima de tudo das pessoas que aqui conheci.
Não sei se volto melhor ou pior. Não sei o que aprendi. Apenas sei que na tentativa de rotular algo, na tentativa de compreender muita coisa, nunca compreendi verdadeiramente nada. Apenas entendi quando me deixei levar pela cultura sem perguntar porquê. Pois muitas das vezes não há um porquê. Estando dentro dela podes percebe-la mas nunca verbaliza-la.
Por isso por mais que escreva, nunca irei conseguir contar tudo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Conforto

Finalmente passado um mês tomo o meu primeiro banho de água quente, toco num micro ondas e sento-me num sofá para ver televisão. Quase que me tinha esquecido de como é essa sensação. Desde que vim de Portugal que esse tipo de acções ficaram de parte. Agora nesta casa, a uma semana de ir para o meu pais, encontro o conforto que me espera.
Tem sido bastante bom ficar aqui em casa. Não apenas pelas excelentes condições, mas porque esta família, mãe e filho, me fazem sentir bastante bem. Boa comida indiana e acima de tudo muitas gargalhadas. Agora que ando sem a Valéria, a minha companheira portuguesa, o português fica a um canto. Tenho por isso saído sozinha e vagueado no meio da miséria, fixando bem a sensação de estar rodeada de pessoas indianas e de toda uma paisagem suja e confusa, onde é impossível respirar fundo tal é o cheiro intenso a lixo e poluição.
Confesso que tenho saudades dos meus companheiros de quarto. Eles voltam amanhã de viagem. São amigos para a vida.
Já falei com a Ana Cabral, da AIESEC LISBOA ISCTE, que está actualmente à frente dos non-corporative projects e há muito trabalho para fazer. Por isso um dos meus objectivos, trabalhar na AIESEC e neste ramo, está sendo realizado. Agora é só aparecer por lá e botar mãos à obra.
Mais uma vez comecei a pensar no meu futuro. Estou a pensar ir estudar para França. Talvez fazer um mestrado lá. Isto porque precisarei de uns anos a tentar recuperar a língua que já está mais do que esquecida. Encontrei um mestrado excelente numa Universidade bastante prestigiada em Paris: Direitos Humanos e Acções Humanitárias. Poderei seguir uma carreira na diplomacia, organizações internacionais e jornalismo.
Aqui tenho possibilidade de pensar mais alto, pois conheço bastante gente estrangeira que pensa bastante numa carreira no estrangeiro. E deparei-me que o Inglês e Francês são línguas que se souber dominar me darão uma boa bagagem. Por isso, ERASMUS em Londres no 3º ano de Faculdade e mestrado em Paris faz todo o sentido. Principalmente após ter encontrado este mestrado que vai de encontro aos meus interesses.
Nunca fez mal a ninguém sonhar alto. No meu caso sonhei e aqui estou. E agora novos sonhos estão surgindo e felizmente terei tempo para trabalhar para a sua concretização.
E tu, já sonhaste hoje?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bonança

Finalmente tenho um tecto!
Fiquei alojada na casa da irmã da directora da escola onde trabalho. A AIESEC falhou de novo, mudou de planos repentinamente, isto é, teria de ir para casa de uma rapariga que não conhecia e ainda por cima ia viajar para Jaipur no fim de semana com ela. Não confio neles por isso preferi ficar pela casa desta tão simpática família. Moram mesmo em frente do meu trabalho. Antes demorava uma hora e meia, agora um minuto.
A irmã da directora da escola vive sozinha com o filho e mais dois pequenos cães super gorduchos e amorosos. Tenho um quarto só para mim, comida, plasma, Internet, o trabalho é do outro lado da rua, o metro a 5 minutos…por isso penso que apesar de todos os maus momentos esta será portanto a minha recompensa. Não irei gastar muito dinheiro e assim talvez consiga finalmente comprar qualquer coisinha para a minha mãe, irmã e depois se sobrar para uma lembrança para os demais que me ajudaram nesta viagem.
Hoje foi o espectáculo dos pequenos. Festejavam a independência da Índia. No fim ofereceram-me flores, uns presentes e comida indiana que estava bastante boa. Ainda subi ao palco para dançar jay ho com os meus pequenos especiais (deficientes) e oferecer balões ao público. Foi deveras especial. Se há coisa que retiro boa disto tudo, são as pessoas da koshish special school onde tenho estagiado. Graças a elas tenho tido muitas alegrias e agora...um tecto! :)

Após a tempestade vem a bonança. Estou muito feliz por nos momentos mais difíceis estar sempre rodeada pelos que ainda são um bom exemplo para a Índia e todo o Mundo, pela sua hospitalidade, dedicação e ternura. Obrigado.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Hard Days

Os últimos dias têm sido uma prova de fogo.
Acordei de manhã com o Land Lord aos berros a pedir o dinheiro pelo quarto do buraco onde vivemos. Como é óbvio todos os estagiários da casa se recusaram a pagar pois é a AIESEC que tem de fornecer alojamento, e no meu caso só tenho de pagar 1000 rupias e já paguei 3500. Por isso, apesar de todos os esforços para explicar que o nosso contrato é com a AIESEC DELHI e não com o sítio onde estamos, ficámos entre a espada e a parede. Ou pagávamos ou tínhamos de deixar o local. Fizemos imensas chamadas a membros da AIESEC DELHI mas foi em vão. Ninguém apareceu e as promessas de um novo alojamento ficaram por terra. Hoje irá ser a 3ª noite que pago para aqui estar.
Acontece que já não se trata de lutar pelos nossos direitos mas sim uma questão monetária. Se pago o alojamento o meu dinheiro literalmente acaba. E não irei, não irei mesmo pedir aos meus pais mais. Por isso, ficarei à espera que a AIESEC devolva o dinheiro que paguei a mais, de modo a conseguir sobreviver à próxima e última semana na Índia.
A minha TN Manager, a Manvi, disse que podia passar a última semana na sua casa. Pois referi-lhe que realmente não tenho dinheiro para pagar a estadia. A Valéria irá viajar pela Índia, porque o nosso estágio acaba esta semana, e eu ficarei por Delhi.
Esta situação de não ter onde ficar, de lutar para ter um simples tecto e dinheiro suficiente para comer, tem-me posto no limite. Tenho a cabeça cheia, sinto-me como uma bomba relógio. É certo que podia pedir dinheiro aos meus pais, mas quero obrigar-me a viver assim. Porque são este tipo de experiências que me vão fazer crescer e dar valor à vida que levava em Portugal.
Confesso que nos momentos de pressão, onde as minhas malas já estavam feitas e tentávamos pedir o máximo de tempo ao landlord (1 hora) para a AIESEC resolver o nosso problema que nunca chegou a resolver, comecei a perder o controlo. A vontade de apressar a minha chegada a Portugal aumentava, e por segundos ia saindo pela porta a fora com o Roman que ia mudar o seu bilhete ao Aeroporto. Respirei fundo e disse: “No Roman. Forget it. Go. I can handle with is”. Na minha opinião não consegui lidar com isto, consegui apenas sobreviver.
Hoje pagámos mais uma noite. Um quarto a dividir por 4 pessoas. Iremos ficar 4 em 2 camas juntas. O Bruno e o Roman mudaram-se para outro sitio.
A 2 semanas de ir para casa, os piores e mais difíceis momentos, tenho-os vivido agora. Nunca ninguém disse que isto ia ser fácil, e eu sempre soube que ia ser duro. E sim, é duro. Mas vai dar-me um gozo enorme viver em Portugal depois de ter vivido em situações limite como estas.
O tempo está passando e tarda nada regressarei. Começo a ficar nervosa. Perdi coisas em Portugal, ganhei coisas na Índia. Eu não sou igual, e a minha vida em Portugal (mesmo eu estando fora) já não é a mesma. Por isso estou um pouco amedrontada com o meu regresso. Não sei se vai ser o famoso feliz regresso à Pátria. Irei estar feliz por ver os meus familiares e amigos como é claro, mas experienciar o meu ambiente de novo poderá ser um novo choque cultural. E acredito que as saudades deste lugar, das pessoas que aqui conheci irão corroer-me bastante. Mas que interessa? Consegui vir à Índia deixar a minha marca, conheci crianças maravilhosas, fiz amigos para a vida e conheci um novo rumo de aspirações e sonhos que irei perseguir arduamente. Pois se há coisa que eu percebi mal aterrei na Índia é que quando se luta pelos sonhos, eles tornam-se realidade.

sábado, 6 de agosto de 2011

Não mata, Constrói

Amanhã faz um mês que cheguei à Índia.
Ao olhar para trás vejo um conjunto de situações que me abriram os olhos para o meu mundo em Portugal. Só quero comida, uma cama, estudar e ter a família e amigos por perto. Para mim isso é mais do que suficiente para ser feliz. Não preciso de grandes ostentações. Já nasci sem nada. Talvez seja por isso que ao ouvir a voz da minha irmã ao telefone me fez ganhar o dia. Já não ouvia a sua voz desde que vim de Portugal. Falei com ela, o seu companheiro, os meus primos de França e os meus pais. Foi bom ouvir a sua voz. Foi inevitável conter as lágrimas quando explicava em inglês à Alondra (mexicana) quem me tinha ligado. Nestes últimos dias na índia tenho começado a sonhar com o meu quarto, o meu espaço, e é inevitável começar a sentir saudades do meu mundo em Portugal. Faz tudo parte da experiencia. Eu sei que isto é o melhor para mim. Tenho apenas 19 anos e estou na índia a servir os outros. Abdiquei de muito por isto. E por pior que os dias se possam tornar, encaro-os como oportunidades de crescer, aprender e reinventar.
A valeria, a Sylvia e o Roman foram viajar este fim-de-semana. Eu fiquei em casa com a Alondra. O Bruno já está aqui instalado.
Hoje fomos ao Indian Gate com a Soraia e o Gonçalo (amigos da nossa AIESEC que já acabaram o seu estágio no Punjab e agora estão a viajar pela Índia).
Falta uma semana para terminar o estágio na escola. Vamos ter uma festa onde os pequenos irão dançar uma música portuguesa, que temos tentado ensinar.
Vou ter saudades daqueles pequenos rizonhos. Ensinaram-me mais do que qualquer livro. Obrigado.
A beleza desta multidão,
Não se encontra no chão,
Sujo, poeirento, que te suja a vista,
Simpatia das pessoas que te conquista.
Mistura de cores, Ilustres padrões
Cultura, Celebrações.
Ao mesmo tempo conservadores e modernos,
Nunca perceberás a capa dos cadernos.
Até onde podes ir,
Como olhas, como sentes…como vestir.
Aqui não à espaço para lamentos,
A realidade é crua, cheia de tormentos.
Custa ver tudo isto, mói.
Mas no fundo não mata e sim constrói.
Vale de Gato, Mónica.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Dias de Luta, Dias de Glória"

Ontem chegou o meu colega da AIESEC Nova, Bruno Geraldes, e combinamos nos encontrar em Malvya Nagar (estação de metro perto da minha casa). Por sorte encontrei-o e fomos jantar ao City Walk (shopping a 5 minutos daqui) com o seu amigo chinês do Canadá e o Roman (Rússia). Foi bom ver mais um português por estes lados. Já falei com o seu TN Manager, a Manvi, para o trazer cá para casa. Assim já não custa tanto ver a casa ficar vazia se vierem mais estagiários. Pois continua a ser difícil ver a cama do egípcio vazia. Já falei com ele, Ahmed, e está tudo bem. Chegou são e salvo ao Egipto e trouxe uma barata na mala como recordação.
Este fim-de-semana os meus colegas de quarto vão viajar, contudo preferi ficar em casa para poupar dinheiro para ir aos Himalaias na outra semana. Ficarei só cá eu e a Alondra e talvez o Bruno, se sempre se mudar para cá.
A Valéria está a ficar seriamente doente. Está com febre, dores musculares e problemas intestinais. Ambas comemos sempre a mesma coisa, por isso não sabemos ao certo o que é. Esperemos que não seja nada. Até lá, tem ficado na cama a descansar. Ontem trouxe-lhe uma sopa do shopping, pode ser que ajude a aconchegar o estômago.
Como o nível de vida em Delhi é bastante caro começamos a cozinhar em casa. E muitas das vezes quando vou para comer os cereais ou meter massa a cozer, encontro um batalhão de formigas. Foi e é nojenta a guerra diária que passo a aniquila-las. Para não falar nas baratas do tamanho de grilos que parecem coelhos a saltar. É qualquer coisa este buraco onde vivemos.
Na escola onde estou a estagiar, tenho enfrentado bastantes dificuldades. Quero fazer algo de útil mas os recursos são escassos e muitas das vezes as crianças nem lápis têm para escrever. Pensei em contactar várias empresas mas não tem sido fácil pois não temos net. A AIESEC delhi está para nos arranjar Net já lá vai um mês. O Ahmed deixou-nos a sua pen da Vodafone, recarregável, para acedermos à Net e o meu amigo Saatvik também nos cedeu outra. Amigo este que gentilmente nos colocou em contacto com grandes empresas, onde já estamos a preparar futuras reuniões para pedir doações para as novas instalações da escola. Tudo avança lentamente, mas ao menos avança.
Quanto à AIESEC Delhi nutro o maior desprezo à fase da terra. Colocaram-nos neste buraco e pouco ou nada fizeram para melhorar as condições mínimas que foram referidas no contrato. O Roman, está a 2 semanas de ir embora e continua sem estágio. A Alondra começou a estagiar porque decidiu aparecer na escola onde irá leccionar e há uns dias atrás alguém da AIESEC liga para a escola a dizer que não conseguem falar com ela e que ela está indisponível, pelo qual a escola responde que ela já se encontra a trabalhar. Como é óbvio eles têm o seu contacto, e simplesmente não apareceram para a levar à escola como combinado. E muitas mais histórias de estágios falhados. Simplesmente porque esta AIESEC Delhi gosta de brincar às organizações, e adora ter imensos números de estagiários e ser considerada um dos melhores pólos de Exchange. Em números é, agora em qualidade não. Tratam as pessoas como animais. Felizmente nem todas as AIESEC são assim. E tenho pena que este pólo na capital da Índia seja uma completa vergonha. É uma mancha nesta organização e tenho pena que assim seja.
Apesar de tudo não me arrependo de ter escolhido vir para cá. Acho que o facto de isto não ser nem de perto nem de longe um mar de rosas me faz crescer e me tornará bem mais forte. Lutei muito para poder aqui estar. E agora que aqui estou lutarei para aqui continuar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tears

Para mim, hoje foi o dia mais difícil que passei desde que cheguei à Índia. Já passei por muito aqui. Desde falta de água, luz, ar condicionado… até internet. Mas hoje foi o dia em que me senti mais devastada. Um dos estagiários da AIESEC, voltou hoje para casa e custou-me bastante pois tornou-se um grande amigo. Vê-lo partir para longe, Egipto, deixa-me bastante triste. Bem sei que a próxima aventura irá ser ir ao Egipto. Agora não tenho a menor dúvida. Sempre quis lá ir e agora ainda tenho mais vontade de descobrir tal país. O país de uma pessoa que aguentou acordar com almofadas na cara, com luzes de lanterna nos olhos, que provou nutella com a cara...que aguentou as brincadeiras desta portuguesa.
Chegámos ambos à conclusão que apesar de sermos de diferentes países, somos iguais. Por vezes até nos esquecíamos que há mesa estava uma portuguesa e um egípcio. Simplesmente somos de locais espaciais diferentes, coisa que não faz de nós necessariamente diferentes.
Nunca pensei que podia vir a estabelecer laços tão fortes com alguém de um país e cultura tão diferentes em tão pouco tempo. Chorei bastante quando o vi partir. É menos um mosqueteiro nesta casa. Por sorte fiquei com um papiros onde o mesmo escreveu uma dedicatória, que apenas li depois de ganhar coragem para tal. Tenho também na minha bandeira uma dedicatória do mesmo.
Espero voltar a vê-lo em breve. Combinámos que irei passar próximo verão na sua casa no Cairo.
Na vida não há nada pior do que ver alguém partir.
Irei partir da Índia este mês, dia 22. E também eu terei de ser forte no adeus. Deixar este buraco a que não faz sentido chamar casa, os meus companheiros (ahmed, alondra, sylvia, roman), esta cidade frenética à qual já me habituei…partir sempre de cabeça erguida. Pois no fundo tudo na vida é efémero.
"Some people come into our lives and quickly go. Some stay for awhile and leave footprints on our hearts. And we are never, ever the same."

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fotografia

Há uma semana que não como carne. Há tanta variedade de pratos vegetarianos que comer carne para mim deixou de ser prioridade. Vou tentar manter-me assim, até mesmo em Portugal. Bem sei que é difícil pois não existe uma cultura vegetariana no meu País, e encontrar variedade de alimentos a bons preços para vegetarianos não é uma tarefa assim tão fácil. Mas quem sabe… Sempre pensei que passavam fome e que o sabor da comida era horrível mas a verdade é que aqui na Índia os pratos vegetarianos para além de me deixarem satisfeita são estranhamente apetitosos.
Estamos a planear as nossas viagens para os próximos fins-de-semana. Este fim-de-semana iremos então a Agra onde iremos pagar um balúrdio para entrar no Taj Mahal. É a imagem de marca da Índia e por isso aproveitam-se para pedir imenso dinheiro para lá entrar. E não sei até que ponto estou disposta a pagar para lá entrar. O povo indiano é bastante astuto para o negócio. Gostam muito de pedir mais do que realmente é, e sabem como manipular uma pessoa. E regatear com eles nem sempre é fácil. Fazem-se de vítimas muitas das vezes, como se fosse verdade que x produto custasse tanto dinheiro. Tem sido uma escola para mim negociar com eles, pois eles olham para o turista como lucro e mal nos vêem a azafama começa. Contudo, apesar desta procura de lucro constante onde nos sentimos como uma moeda a circular de mão em mão, eles são extremamente prestáveis e preocupados com o bem estar de todos os seres vivos. Falo sim, de nós humanos e dos animais. Ajudam-se mutuamente como nas aldeias do interior onde todos se conhecem e se ajudam.
Mas a Índia, pelo menos Delhi, é cheia de pólos contrastantes. É certo que se ajudam mas nunca vi na minha vida tanta criança nas ruas a pedir dinheiro nem tantos cães a vaguear em busca de comida. A caminho de um centro comercial aqui perto, a miséria dos caminhos que nos leva até ele é impossível de ignorar. Gente a viver nos passeios e a estender a roupa nas vedações que dividem os sentidos das estradas. A tomar banho ali mesmo.
Bem sei que Portugal atravessa tempos difíceis mas o que é a nossa pobreza comparada com a que lido diariamente nas ruas de Delhi? Estaremos assim tão mal na fotografia?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Futuro

Há tanta coisa que tenho vivido por aqui. Tantas lições que tenho aprendido…que quando a Valéria me pergunta “Achas que estás diferente?” ridiculamente nem eu sei se estou. Acho que só quando chegar a Lisboa e conviver com o meu meio irei ter noção do quão diferente me tornei. Tenho noção que quando voltar as coisas não serão iguais. Mas não sei se por voltar diferente ou se por voltar com vontade de fazer novas coisas. Estou a viver uma das melhores fases da minha vida e não quero de todo fazer do meu retorno a Portugal uma chegada. Quero sonhar em Portugal, com Portugal. A minha cabeça já está repleta de novos projectos, ideais, ideias, aspirações, convicções… Uma coisa é certa, não irei parar.
Quando voltar irei retirar-me do basquetebol, pois serei sénior e iremos jogar na liga e não tenho jogo suficiente por agora. Irei apenas treinar para quem sabe, ter magia para dar numa próxima época. E assim irei ter tempo para continuar a trabalhar aos fins de semana na Pans. Não recebo grande coisa, mas as pessoas de lá são fantásticas e vão acolher-me quando voltar da Índia. É algo que me faz ficar muito grata pois nem todos os chefes fazem isso pelos seus colaboradores. Confesso que já tenho saudades das minhas “parentes” e do “lodo”.
Trabalharei pois quero ir no meu 3º ano de Faculdade em Erasmus para o Reino Unido. Existe uma universidade em parceria com a minha, em Cambridge. Quero bastante conseguir estudar lá. Pois é um pais de língua inglesa e eu preciso e quero melhorar o meu inglês. Nas primeiras publicações do blog já referi este sonho e agora começa a ficar cada vez mais claro na minha cabeça.
Um dos meus países preferidos para fazer este estágio era a Índia e o Egipto, contudo acabei por ir para a Índia por me deslumbrar ainda mais. E ainda bem. Pois no hostel onde estou alojada está também um estagiário do Egipto que acabou por ser um grande amigo meu. Há dias passei a noite a fazer-lhe perguntas sobre o Egipto: como são as pessoas, como são as estradas, se há crianças a pedir na rua, o nível de vida, se é muito caro…etc. Ele humildemente respondeu a tudo e disse que se quisesse podia passar lá as férias de verão na casa dele, pois tem um apartamento em anexo à sua casa que ninguém usa. Ele vive no Cairo e já reparei que não é um egípcio qualquer. O seu nível de vida e poder económico é elevado. Ofereceu-se também para me por a estudar ou estagiar na sua Universidade “American University of Cairo”. O que me faz pensar em escolher a cadeira “Egiptologia” como opção no meu 2º ano de Curso. Em pequena para além de bióloga marinha sonhava com arqueologia, e inevitavelmente a minha imaginação rematava para as enormes pirâmides e túmulos egípcios. Por isso é uma hipótese que irei ter em conta.
O mundo se antes parecia enorme, agora parece-me muito pequeno. O meu grupo de amigos na Índia vem do Egipto (Ahmed), Rússia (Roman), México (Alondra) e Polónia (Sylvia). Somos os únicos estagiários nesta casa, então vamos sempre a todo o lado juntos. E no meio de tantas noites e dias passados em confissões, gargalhadas, frustrações…acima de tudo de partilha, sinto-os perto do coração e inevitavelmente os seus países que pareciam longínquos e desconhecidos, tornam-se ilhas que a todo o vapor se aproximam do meu Portugal.
Outra das coisas que tenciono fazer quando chegar é entrar como membro da AIESEC. Organização que me proporcionou este estágio. Pois acredito que posso aprender e crescer bastante por lá. Estou a pensar em ir para “Non-Corporative Projects” porque lá posso dar lugar às minhas ideias. Ainda assim não sei se me irão aceitar. Esperemos que desta vez o façam e não usem a minha falta de tempo como razão de não me colocarem em sítio algum. Pois tive e tenho uma enorme vontade de trabalhar com eles e depois desta experiencia na Índia acho que estarei preparada para aceitar os desafios desta organização.
Também tenho pensado no que quererei fazer no futuro e a opção trabalhar nas Nações Unidas tem-se tornado uma hipótese pois quer o meu colega do Egipto quer o meu colega aqui de Delhi me falaram em ir para lá trabalhar tendo em conta as minhas aspirações. Por isso quando chegar a Portugal irei pesquisar sobre isso.
Tenho então reflectido bastante durante a minha estadia na Índia. E se tudo correr bem irei prosseguir com os sonhos quando chegar a Portugal. Isto é só o inicio.
"The World is a book, and those who do not travel read only a page."

domingo, 17 de julho de 2011

A vida na Índia

A vida na Índia não é de todo como esperava. Não é assim tão barata como pensava. É verdade que aqui como por 2 euros, mas imaginem o que é viver aqui e gastar em média 5 euros por dia. Parece que não mas começa a pesar na carteira. De facto o que acontece aqui é que as coisas boas são ao mesmo preço do que compramos na Europa. As piores e sem grande qualidade são baratas.
O meu trabalho fica a 1h30 de minha casa, por isso tenho de me deslocar diariamente de metro. Pelo que se gasta ainda algum dinheiro.
Tenho tentado com os meus colegas de hostel, comprar comida para começarmos a cozinhar para poupar dinheiro, mas isso implica comprar, tachos, talheres, esponja, detergente…e temos tentado aos poucos ir comprando isso. É um investimento para poupar futuramente. Por enquanto como num pequeno prato de plástico, com uma colher de café também de plástico que trouxe de um pequeno bolo que comi. É engraçado, nunca me imaginaria a fazer uma coisa destas. Ri-me bastante ao trazer isso para casa enrolado a um guardanapo, feliz da vida porque já tinha onde comer. Contudo, começamos a ficar frustradas pelo facto de ainda não termos ido viajar pela Índia, para ir conhecer outros sítios, pois Delhi é uma cidade bastante barulhenta e poluída. Simplesmente estamos a sobreviver aqui e não a viver.
Mas isso tem-me ensinado a dar valor a muita coisa. Aqui tenho festejado pelo facto de ter luz, de a água voltar, de ter mudado para um quarto com chuveiro e autoclismo, por de vez em quando poder ouvir o silêncio nesta cidade barulhenta…
Tenho de facto aprendido bastante aqui, e não trocava esta triste precariedade por nada. Pois é isto que vai fazer de mim um ser melhor quando voltar ao conforto do meu lar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

News

Tenho estado sem internet por isso tem sido difícil dar noticias. Hoje milagrosamente sou a única nesta casa que apanha algum sinal. Por isso aproveito para contar como as coisas correm.
Cada vez sinto-me mais dentro desta cultura. Ontem fui ao cinema, ver um filme indiano chamado DELHI BELI, e foi um serão bastante agradável. Tal como o dia de hoje, pois fomos visitar um templo e é duma magia e paz inexplicável.
Tudo agora começa a não ter palavras. De tudo o que vejo, serão sempre poucas as palavras para o descrever.
Hoje enquanto comia num dos restaurantes de rua, um pequeno não parava de me pedir comida. No final da refeição fui ter com ele e os outros e dei quase a comida toda, pois nem consegui comer com eles ali. Senti-me mal.
Já me mudei para o quarto do andar de baixo com a Valeria. É bastante melhor. Temos finalmente luz na casa de banho, chuveiro, autoclismo, ar condicionado e frigorífico! Yeah!
O trabalho na escola tem sido intenso. Eu e a Valeria estamos à espera de ter internet para começar a enviar emails para empresas indianas para financiar a escola. Pois precisam de dinheiro para comprar o terreno para aumentar as instalações, pois começa a ser pequena para tantas crianças. Um amigo meu, Saatvik, que é estudante de mestrado no IIFT aqui em Delhi, disponibilizou-se para ajudar pois um dos seus trabalhos é ir a encontros com empresas, e gerir fundos que iram para as ONGs que a faculdade eleger. Espero que consigamos esse feito.
Temos um novo trainee cá em casa. Vem da Rússia :)
Este é o refrão da música que estamos a ensinar ás crianças.

Se pudesse também eu pedir um desejo, seria: acabar com a pobreza.
É realmente algo com que ainda não consigo lidar muito bem aqui, e sinceramente eu não sou mais que ninguém para ter comida à mesa e aquelas crianças não. Por isso peço-vos. Dêem valor ao que têm. Acreditem, temos demais.

domingo, 10 de julho de 2011

Party

Ontem foi um dia em cheio.
Fomos ter com a AIESEC DELHI, tínhamos uma reunião com eles, e de seguida fomos todos jantar fora. Acontece que perdemo-nos pela cidade, mas depois lá demos o braço a torcer e apanhamos um táxi.
No “buraco” onde vivo temos gente do Egipto, Polónia, México e Holanda. Então é com eles que eu e a Valéria andamos pela cidade. Somos todas raparigas, só existe um rapaz aqui e é do Egipto.
Depois da reunião da AIESEC fomos todos dentro do carro deles, até um restaurante de rua em frente a uma das faculdades de DELHI. Como é óbvio pedi para buzinar o carro, pois aqui é uma constante e eu precisava da minha pequena vingança! Experimentei muita comida indiana e fiquei com a boca a arder do picante! Tentava respirar pela boca para aliviar mas isto está repleto de moscas, e quando digo repleto é mesmo no sentido literal da palavra.
As ruas aqui são muito sujas e confusas. Vêm muitas crianças darem-me a mão a pedir dinheiro, e depois uns passos à frente dou de caras com super centros comerciais. É notório o grande abismo entre ricos e pobres. Não há meio termo. E quando à noite fui sair para uma discoteca com a AIESEC, aí a diferença foi arrepiante. Dei por mim a entrar de borla na discoteca de um Hotel 5 estrelas. Era tudo bastante rico, bem vestido, de bons carros, decoração brutal…e apesar de ficar deslumbrada não pude deixar de sentir um pedaço de culpa por ali estar. Pois estão pessoas lá fora a viver miseravelmente e eu sentia-me mais um indiano que pouco ou nada quer saber. Ainda assim, diverti-me imenso na discoteca. Aprendi bastantes novos passos de dança indianos!
A noite acabou com o nosso amigo do Egipto super bêbado, sem mal conseguir andar. O táxi trouxe-nos até casa e um dos membros da AIESEC ajudou-nos a vestir-lhe o pijama e a deita-lo.
Já é de manhã e está tudo bem com ele.
Este é o meu terceiro dia aqui e já parece que aqui estou à 3 semanas. Os dias são bastante longos. Vive-se muito intensamente! Estou a gostar bastante desta minha aventura. Confesso que não é nada como tinha imaginado. Saiu tudo ao contrário. Contudo, não é necessariamente mau. Eu gosto.
Hoje irei ter com a AIESEC a Delhi heart, para passearmos um pouco. O dia está de chuva, mas ao menos assim não está imenso calor!

p.s: Eu e a Valeria já temos cartão de telemóvel indiano e um cartão para o metro. O metro aqui é bastante bom. Somos revistados sempre antes de entrar, como se faz nos aeroportos, e existem carruagens só para as mulheres. :)

Até já!
This is what AIESEC is all about. Poland, Mexico and Portugal united to take care of the (drunk) Egyptian.